O Coaching e o Jazz! – por Mario Divo

Pois é, quem diria que alguém encontraria uma relação conceitual entre a prática profissional do Coaching com o tradicional ritmo norte-americano, nascido no início do século XX! O analista canadense Michael Read mostra evidências de que isso é possível com o estudo O que os Coaches podem aprender com a história do jazz baseada em improvisação. O trabalho foi divulgado pela publicação International Journal of Evidence Based Coaching and Mentoring (Vol. 12, No. 2 – Aug. 2014).

O autor afirma que, desde os primeiros estilos do jazz até os estilos mais atuais, a componente-chave da “improvisação” é fundamento presente tanto na prática musical como na do coaching. Justifica isso ao afirmar que, no jazz, a improvisação é conceitualmente ligada à dinâmica das relações e interações com modelos prévios, assim como acontece no coaching.

É importante comentar que relações e interações improvisadas envolvem criatividade, pensamentos e soluções compartilhadas. A maioria dos coaches relata que, em algum momento, a improvisação foi importante na interação com o coachee, sendo que as atividades mais frequentemente citadas como alvos de improvisação estão na condução das sessões, feedbacks e exercícios dados ao cliente. Michael Read afirma que coaches bem preparados, e que sabem improvisar, ajudam os clientes a terem melhores ideias, soluções e decisões.

A proposição básica de Read é que a utilização de trechos pré-arranjados no jazz (conteúdos temáticos, pequenas passagens musicais, arranjos, cotações, etc) são semelhantes ao uso que se faz de soluções, projetos, ferramentas, táticas ou planos existentes, quando inspirados (ou copiados) em práticas comuns do coaching. Confrontados com nova questão ou problema desafiador, alguns coaches conseguem aplicar solução pré-existente ou plano de contingência, que podem ser adaptados com algum improviso e modelos apropriados (a cada caso).

O autor comenta que os coaches precisam adaptar-se ao tempo e à pressão para alcançar resultados, ainda mais quando se tratar de equipes. Quanto mais pressão existir, mais se faz necessário o uso de modelos e soluções pré-concebidas que possam suportar a improvisação. A própria história do jazz sugere que, quando maior velocidade de improvisação é necessária, a improvisação coletiva é mais difícil de acompanhar. Partindo da metáfora do jazz, o coach deve fornecer ao coachee momentos de quebra de ritmo e/ou pressão, mesmo desenvolvendo um trabalho aparentemente sem sentido, para conseguir apoiar a eventual improvisação.

De forma geral, a análise de Michael Read indica que a capacidade de saber improvisar pode ser a componente essencial para o sucesso sustentado de um coach, somando-se ao conhecimento teórico e prático para trabalhar com os clientes. O exame da improvisação ao longo da história do jazz revelou relações conceituais fascinantes, projetando que coaches e coachees também podem tirar proveito a partir das soluções ou propostas passadas.

Ou seja, assim como os principais músicos de jazz fazem com passagens e acordes prontos, os coaches podem se preparar para a melhor condução dos seus momentos de improvisação. Finalizando, até mesmo a improvisação requer estudos e planejamento, desde que não cesse a motivação para a criatividade (individual ou em grupo), dentro de um ambente dinâmico de colaboração, engajamento, responsabilidade e relacionamento do cliente com seu coach.

E você, profissional que me lê agora, o que pensa dessa analogia do coaching com o jazz?

 

Mario Divo é o CEO da MDM Assessoria em Negócios, palestrante e consultor. Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Experiente profissional senior de nível internacional nas áreas pública e privada. PhD e MSc pela FGV, em Gestão de Negócios, de Pessoas, Branding e Marketing. Credenciado em Inteligência Emocional-Social, Axiologia de Competências e no diagnóstico MEET®️ (Modular Entreprise Evaluation Tool). Mentor e colunista  da plataforma Cloud Coaching. Primeiro brasileiro no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, em 126 países e territórios.

 

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