A autodisciplina no desenvolvimento pessoal
Algumas pessoas pensam que para chegar ao nível da alta performance precisam de habilidades sobre humanas, mas este tipo de crença está servindo de bloqueio para o desenvolvimento pessoal delas.
O desenvolvimento pessoal pode conduzir à alta performance, ou também a outros objetivos, para todo indivíduo desde que ele exerça sua autodisciplina constantemente. A autodisciplina não é um talento inato, não é algo que está pré-programado em nosso cérebro e que nos acompanha desde a gestação, pelo contrário, é uma habilidade que necessita de contínuo aprimoramento ao longo da Vida. Mas afinal, o que é autodisciplina?
Autodisciplina é a capacidade aprendida a partir de técnicas comportamentais que direcionam o indivíduo a tomar como responsabilidade sua, e não dos outros, sua motivação diária, sua organização, sua gestão de tempo, suas decisões e a escolha do seu propósito de Vida.
Como se vê, a autodisciplina não é nenhum superpoder, é uma habilidade que requer conhecimento e treino. Habilidades mais complexas como o centramento e a postura condutora precisam da autodisciplina para serem exercidos com fluidez.
“Eu sou responsável pela minha vida”, é uma afirmação da autodisciplina
A autonomia é ensinada para o indivíduo. Uma prova disso é que nos deparamos com indivíduos muito jovens que já são capazes de organizar sua rotina e também vemos indivíduos com idade mais avançada que não aprenderam a gerenciar suas vidas.
Sem um treinamento adequado, o indivíduo pode ir vivendo sem se sentir plenamente capaz de se autogerenciar. Como resultado, a pessoa é acometida por depressões frequentes, frustrações, apatia, indecisão, angústias, doenças psicossomáticas, crises de estresse, entre outros quadros. É o sentimento de ser responsável pela própria Vida que leva o indivíduo a buscar o melhor para si, as melhores amizades, as melhores oportunidades profissionais, uma casa melhor, um carro melhor etc, a visão sobre si e sobre a Vida é construtiva, por consequência, terá condições de exercer sua autonomia.
A autonomia proporciona o desenvolvimento de outras habilidades como a autodisciplina. A disciplina é o exercício de uma programação pré-estabelecida que cumpre um propósito maior dentro da Vida do indivíduo. A autodisciplina, por tanto, é o próprio indivíduo estabelecendo este programa e motivando-se constantemente para cumpri-lo tendo em mente seu propósito.
O foco é um aliado para dar conta de “tarefas desprazerosas”
Desfrutar de uma viagem relaxante não é exatamente um desafio para a autodisciplina. O indivíduo estará diante de uma atividade potencialmente prazerosa, seguir a programação será algo natural para ele.
Para alguém sem autodisciplina, por outro lado, dar conta de qualquer atividade que não lhe gere uma recompensa imediata será uma experiência terrível. A autodisciplina não torna uma atividade “chata” em “muito prazerosa”, mas ela fundamenta a necessidade daquela tarefa. Uma vez tendo claro o entendimento de porque deve executá-la, o indivíduo não se fixa na queixa de estar fazendo algo que não é prazeroso, e sim no resultado.
Arrumar o quarto não é algo necessariamente alegre para um adolescente, mas poder encontrar seus objetos, um lugar limpo e organizado para estudar e ter conseguido completar uma tarefa pode ser bem gratificante. Então, se o objetivo está claro, para quem tem autodisciplina é mais fácil executar qualquer tarefa.
O foco, portanto está no resultado que aquela tarefa proporciona. Ao aprender isso, o indivíduo aplica a mesma lógica de pensamento para outras áreas da Vida, mantendo-se focado naquilo que verdadeiramente agrega sentido ao seu propósito.
A autodisciplina como expressão do amor próprio
O que comumente se entende como amor próprio talvez lembre mais a ideia do mito de Narciso do que propriamente uma noção mais próxima do que realmente significa amar a si próprio.
O mito de Narciso nos conta sobre um belíssimo jovem que depois de ter sido rejeitado pela ninfa Eco, vai lamentar seu coração ferido às margens de um lago. Ao projetar-se sobre as águas, ele vê seu próprio reflexo e se enamora dele. O amor próprio de Narciso é fruto de uma dor mal cuidada. Não é este tipo de amor próprio que conleva a autonomia do indivíduo, pelo contrário, de acordo com o mito, Narciso se atira no rio e termina se afogando distraído por sua imagem.
O amor como ato de contínua dedicação é um exercício que requer autonomia e autodisciplina, do contrário estaria fadado à experiência de falsas ilusões e de admiração por projeções distorcidas do ego.
A autodisciplina é uma forma que o indivíduo encontra para expressar o amor pela Vida e o faz de maneira a celebrar a própria existência.
Diferentemente do que se costuma pensar sobre alta performance, ela não exige seres humanos com super poderes, pelo contrário, para se chegar até ela o indivíduo precisa desenvolver habilidades que não estão nada fora do comum, como gerenciar seu tempo, organizar suas tarefas, seu ambiente, planejar metas, ser capaz de prover tudo o que precisa para atuar no mundo como uma pessoa plenamente consciente de seu propósito e do caminho que precisará trilhar para vivenciá-lo todos os dias sem perder o foco.