Oito ensinamentos budistas para colocar em Prática na sua Vida

Quando falamos em Budismo, o que vem em sua mente? A imagem de alguém de cabeça raspada meditando? Quem sabe um mosteiro afastado de tudo e de todos?

Tudo bem. Esses pensamentos não estão errados, mas existem muitas outras maneiras de praticar o budismo. Hoje vamos acessar oito ensinamentos que, sem dúvida, encontrarão espaço na sua rotina.

O budismo nasce na Índia no ano VI a.c.. Foi fundado por Siddhartha Gautamao, Buda (“o desperto” ou “o iluminado” em sânscrito) e atualmente é a quarta maior religião do mundo. Também é considerada uma filosofia já que seus ensinamentos são aplicados na vida individual de cada ser.

Siddhartha Gautamao foi criado desde criança para ser um imperador. Nasce em um palácio luxuoso protegido de todos os males do mundo. Vive cercado de amor, arte e beleza. Aos 29 anos sai deste mundo perfeito se deparando com a dura realidade. Abdica de todos os prazeres e confortos e inicia sua longa jornada em busca da solução do sofrimento humano. Depois de 49 dias em meditação alcança o mais alto nível de iluminação, o Nirvana.

Buda não é um deus e o budismo não cultua deuses. Ele próprio se denomina simplesmente como “aquele que despertou”. Mesmo tendo uma história incrível, esta é a jornada de um ser humano mortal de carne e osso. Esse pensamento é importante para entendermos a crença de que qualquer pessoa é capaz de alcançar a iluminação.

A primeira tentativa de Gautamao na busca pela iluminação foi sentar-se debaixo de uma árvore em meditação e comer apenas os frutos que caiam eu seu colo. Depois de quase morrer de desnutrição chega a um entendimento que foi chamado de Caminho do Meio. Ou seja, assim como o conforto e o prazer extremo não curam o sofrimento, a abdicação extrema também não.

Após esta compreensão, Buda cria o que chamamos de o Nobre Caminho Óctuplo. São oito ensinamentos que servem como um guia para a iluminação e o cessar do sofrimento. Este presente valioso, mesmo tendo milênios de idade, é extremamente atual e pode ser praticado por qualquer pessoa.

Ensinamento Um: Visão Correta

Corremos atrás de coisas passageiras, de prazeres imediatos. A visão correta serve para percebermos as motivações por trás de nossas escolhas. Porque escolher algo que não irá nos preencher verdadeiramente?

Ensinamento Dois: Pensamento correto

O que pensamos hoje é o que seremos amanhã. Nossa vida é uma criação da mente. Se permitirmos que pensamentos negativos contaminem nos contamine, também teremos reações negativas. Para Buda, pensamento é ação.

Ensinamento Três: Fala Correta

Tudo o que é dito constitui o ser, por isso, todo indivíduo deve ser cauteloso com o que externaliza para o outro através da fala.

Ensinamento Quatro: Ação Correta

Todo ato tem uma consequência. Antes de agir é necessário pensar: “Esta ação contribui para o crescimento meu e dos outros?”

Ensinamento Cinco: Meio de Vida Correto

Ter um trabalho honesto e ganhar a vida de uma maneira digna sem prejudicar o outro ou a si mesmo.

Ensinamento Seis: Esforço Correto

Não basta adquirir a consciência dos sofrimentos e angústias. É necessário esforçar-se para agir e provocar a mudança.

Ensinamento Sete: Atenção Correta

Estar atento aos pensamentos, sentimentos e acontecimentos do mundo ao nosso redor. O primeiro passo da mudança é perceber a realidade do agora para projetar um futuro diferente. Estar atento ao que acontece dentro e fora.

Ensinamento Oito: Concentração Correta

É necessário ter foco para não ser engolido pelas infinitas possibilidades de distrações. Estar concentrado é estar consciente do caminho a ser percorrido.

Todos os oito ensinamentos fazem sentido e se complementam na busca pelo Caminho do Meio. Mas como colocá-los em prática nesse mundo cada vez mais caótico?  Te convido a começar esta jornada trazendo para o dia a dia essas duas chaves:

Desapego

O ego é um falso “eu” que ofusca o eu verdadeiro. Usamos o ego como uma armadura que nos protege do mundo doentio, mas, ao mesmo tempo cria desejos inúteis e sem sentido.

Desapegar-se é identificar esse ego e buscar eliminá-lo para então encontrar a paz de espírito.

Buda descobriu que o sofrimento é causado pela frustração de não conseguirmos realizar os nossos desejos. Logo, eliminar os desejos criados pelo ego (apegos) é o caminho para cessar o sofrimento.

Colocar em prática o desapego no dia a dia é pensar que nada nem ninguém é fixo. Tudo é transitório. Lembrar disso diante de alguma situação da vida é adquirir um filtro para entender o que importa e o que não importa. O que vale a pena e o que não vale a pena.

O desapego não envolve negligência ou irresponsabilidade emocional, mas sim a clareza e discernimento de ver a vida como ela é.

Meditação

Viver o presente em qualquer ação do dia a dia parece impossível diante de tantas distrações do mundo atual. Mas assim como muitas coisas na vida, o difícil é começar.

Estar no “aqui e agora” é olhar para a realidade como ela é. Sem projeções, devaneios ou desesperos. Ter a rédea da vida nas próprias mãos.

Esqueça um poucos os estereótipos constantemente propagados sobre a meditação. Vamos por um caminho simples, objetivo e prático: a respiração.

Será ótimo você tirar alguns minutos do seu dia para sentar-se, fechar os olhos e respirar conscientemente enquanto desapega dos pensamentos. Mas que tal introduzir o estado meditativo em doses homeopáticas durante o dia.

No trânsito, no trabalho, na faculdade, na rua. Não importa onde você estiver. Sempre que sentir necessidade ou sempre que lembrar, respire profundamente três vezes. Foque apenas no ar entrando e saindo. Você não precisa fechar os olhos, apenas jogar toda sua atenção para a inspiração e expiração.

Este gatilho, que demora poucos segundos, tem o poder de alterar a frequência dos pensamentos e te trazer para a realidade.

A prática do desapego e da meditação são atitudes simples mas potentes que devem ser diluídas no seu dia.

Lembre-se: O budismo pode ser entendido como uma religião e uma filosofia. Mas procure utilizá-lo cada vez mais como uma feramente de autoconhecimento flexível e democrática.

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