Quais são as crenças e os modelos mentais que nos levam à ação? Qual é nosso propósito? Qual a significação que damos às nossas atividades? Qual o grau de consciência que os líderes, coaches, comunicadores e outros profissionais têm ao atender seus clientes?
Até que ponto temos consciência clara de nossas crenças, que determinam a razão e a forma de atuarmos?
Podemos dizer que há diversos tipos de consciência.
Uma consciência é produto de nosso meio cultural, que herdamos da família, escola, religião, meio comunitário e nacional. É a chamada consciência comum, que atua de modo subconsciente. É ela que determina nossas crenças mais profundas, pelas quais aprendemos a interpretar tudo que vemos, sentimos e fazemos. É por ela que definimos nossas mais importantes escolhas.
Há também um tipo de consciência que nos advém através do contato com cursos, leituras, palestras, encontros, etc., que provocam algumas mudanças em nossas crenças. Essas mudanças tendem a ser apenas superficiais. Na maioria das vezes, levam as pessoas a se submeterem a objetivos que não são propriamente seus.
É um nível de consciência que ignora os anseios mais profundos das pessoas. Contudo, respondem temporariamente a dúvidas, anseios e carências de pessoas, grupos ou comunidades. Podem mesmo gerar formas relativamente rígidas de avaliação, com expressões altamente dicotômicas e comparativas. Levam a enxergar seu ambiente e as pessoas como “nós os certos, eles errados”, “nós melhores que eles”.
Mas há ainda um nível de consciência que brota da Sabedoria interior, que está no mais profundo dos seres.
Seu acesso geralmente se dá através de um cultivo intensivo de autoconsciência. É uma busca contínua de auto percepção. Aperceber-se como ser vivente conectado a tudo e a todos, desenvolvendo uma crescente sensibilidade para com a realidade como um todo. Esta sensibilidade pode ser aperfeiçoada de modo direto, através da meditação, ou de modo indireto, por meio de instrumentos mentais de alargamento da visão de mundo.
Este nível mais profundo de consciência leva as pessoas a se comprometerem com uma atitude ética e de serviço frente a si mesmo, às outras pessoas, à sociedade e à natureza.
Há menos vontade de se impor aos outros e um maior interesse por se harmonizar interior e exteriormente.
A maioria das escolas de formação de profissionais, líderes, coaches, comunicadores não se aproximam desta forma mais profunda de ampliação de consciência. Os formandos são preparados para serem reprodutores de mecanismos e ferramentas voltadas para o desenvolvimento de formas mais adequadas de se fazer melhor o mesmo. Isto é, de tornar mais eficientes suas ações, geralmente atendendo a necessidades da instituição para quem trabalham.
Este nível de consciência não se fundamenta numa autoconsciência. E não promove autoconsciência. Nem é este seu propósito, pois ainda depende de autoridade externa que confirme suas intenções. Está fundamentada no sucesso, nos bons resultados, que lhe podem trazer satisfação pessoal, desenvolvimento de carreira e algum nível de melhor bem-estar. O que é válido, sem dúvida, mas que tende a deixar um certo vazio existencial.
“A capacidade humana de transcender as limitações do condicionamento social e de assumir a responsabilidade pela concepção da própria vida em harmonia com a natureza e com os outros torna-se cada vez mais evidente aos olhos dos indivíduos que se comprometem com a auto exploração necessária a uma experiência direta da natureza mais profunda de seu ser.” (Além do Ego – Wilbert, Capra, Coleman Maslow e outros, Cultrix, p 225).
Marcos Wunderlich