Como manter o autocontrole em situações estressantes

Quando se está consciente de que o que interpretamos como realidade é elaborado em nossa mente podemos mudar nossa reação diante de qualquer situação, esta é a habilidade de autocontrole.

O autocontrole impede o indivíduo de desempenhar atitudes destrutivas ou que o levem para longe de seu propósito de Vida. É uma habilidade consciente que junto à autodisciplina, por exemplo, forma o repertório de técnicas básicas da pessoa em condições de vivenciar sua autonomia.

Para desenvolver o autocontrole, o indivíduo precisa treinar sua percepção sobre suas emoções e reações a estímulos externos. Técnicas de trabalhem com a atenção plena podem ajudar a reconhecer o que provoca o afloramento de emoções básicas como raiva, medo, aversão, pânico, vergonha ou culpa.

Ao entender o que no ambiente externo ou quais pensamentos motivam o afloramento dessas emoções, o indivíduo se torna apto a controlar-se de uma maneira positiva, não apenas reprimindo suas emoções, mas sabendo com clareza como canalizá-las.

O autocontrole, portanto, não assume um caráter opressor ou repressor, porque o indivíduo não estará negando a existência da emoção que está sentindo em um determinado momento, mas está atento a não deixar que tome ações impulsivas apenas para extravasá-las.

O autocontrole vem da atenção plena

Saber dizer “não” para o pedido de alguém ou até mesmo um pedido feito a si próprio pode ser interpretado como autocontrole, mas na verdade a negação de um pedido não é necessariamente um exercício de autocontrole.

Quando dizemos “não” para um chefe, para um filho ou a nós mesmos temos que entender o que motivou essa resposta. Foi um impulso movido pela raiva ou foi um posicionamento consciente que avistou as consequências daquele ato em um futuro próximo? Podemos dizer muitos “não” em nossa vida diária sem que eles estejam alinhados a um propósito.

O “não” pelo “não” pode levar a condutas opressoras e autoritárias sem ouvir atentamente o que a outra pessoa necessita ou o que sente a própria pessoa naquele momento. É comum que pessoas que estejam fazendo dietas alimentares restritivas tenham que dizer muitos “nãos” ao longo do dia para comidas que teriam vontade de comer. Mas se esta resposta vier associada a sentimentos de raiva, incompreensão e ansiedade de nada adianta ter mantido o “autocontrole”. Negar o que a mente precisa, neste caso, não é o caminho mais eficiente para manter uma comunicação intrapessoal sadia.

No lugar de reprimir uma emoção, ela pode se perguntar se existem outras atividades que possam levá-la ao mesmo estado de Felicidade que ela experimenta ao comer um doce, por exemplo. Dessa forma, a pessoa vivencia o autocontrole de maneira positiva e autônoma.

Estar com o pensamento focado nas próprias necessidades atuais e praticar a escuta ativa nos relacionamentos interpessoais abre espaço para o exercício do autocontrole. Alguém que está com mente desfocada dificilmente saberá reconhecer o fluxo de suas emoções e consequentemente não terá clareza na hora de direcioná-las.

Situações estressantes não existem!

Sim, pode parecer estranho assumir que situações estressantes não existem, mas vejamos o seguinte: a realidade é percebida a partir do filtro mental e dos sentidos do indivíduo. O conceito de “estressante” não está fixado no mundo, mas está guardado em algum lugar da mente do indivíduo.

Existem algumas situações que envolvem resquícios de nossa evolução como espécie podem nos levar a experimentar o estresse de maneira mais ou menos universal. Se ficarmos diante de um tigre faminto ou de uma cobra venenosa a chance de sentirmos um grande estresse é realmente muito alta. Esta cena representa perigo para muitas pessoas em diversas culturas.

No entanto, uma reunião de fechamento de venda, uma conversa franca com outra pessoa, o momento de pedir aumento para o chefe ou simplesmente falar em público pode ou não ser estressante. Uma situação estressante é aquela na qual o indivíduo percebe que está vivenciando sentindo-se inseguro diante dos desafios que ela apresenta.

Nesse caso, o indivíduo ainda não está plenamente focado no momento presente e em seu papel naquela situação. Este momento de confusão pode levá-lo a experimentar sensações de medo, ansiedade, pânico e estresse agudo. A sobrecarga emocional pode ser grande em casos de total despreparo levando o indivíduo a sentir um “apagão” em seu corpo. Para evitar que situações da vida sejam corriqueiramente interpretadas pelo indivíduo como “situação de estresse” é preciso treinar o autocontrole.

Técnicas simples de autocontrole

O autocontrole sozinho não mantém o indivíduo alinhado ao seu propósito de Vida. É preciso iniciar uma jornada de autoconhecimento para desenvolver a atenção plena e a condução das próprias emoções de uma forma que seja positiva para sua existência.

Algumas técnicas simples de autocontrole podem contudo ajudar no início de uma mudança de hábito, por exemplo. Saber gerenciar melhor o tempo diminuindo o tempo gasto desnecessariamente nas redes sociais, este pode ser um hábito que você esteja querendo mudar. Para exercitar o autocontrole de maneira positiva, você mesmo pode dificultar o acesso aos aplicativos ou até mesmo ao celular saindo para caminhar ao ar livre ou praticando outra atividade que mantenha o aparelho longe de você por algumas horas.

Desenvolver o autocontrole também passa pela sua criatividade em criar contextos difíceis que possam ser superados, já que estará consciente da situação. Outra técnica de autocontrole que você pode exercitar agora mesmo é para o caso de estar se preparando para uma posição de liderança. Se você ainda sente que é estressante passar uma orientação para a equipe vai precisar de autocontrole.

Para trabalhar com este nervosismo e exercitar o seu autocontrole, você pode começar organizando situações específicas em que tenha que delegar tarefas para a equipe, mas que não estejam dentro do contexto profissional, organizar uma campanha beneficente, uma festa da empresa ou um evento colaborativo são alguns exemplos.