Focar nossa mente no momento presente evita ansiedades, preocupações e tristezas; adquirir esse hábito leva à conquista de uma Vida plena.
Marcos Wunderlich
O mundo moderno, muitas vezes, gera ansiedades, o que nos estimula a deixar de viver o presente e entrar em conexão com outros momentos e tempos. Se estamos focados no futuro, podemos mergulhar em uma espiral de apreensões, já que ainda não realizamos ou vivenciamos o que está por vir. Se nos voltamos demasiadamente ao passado, podemos trazer à tona mágoas, tristezas ou outros sentimentos negativos que nos impedem de sermos plenos e felizes no Aqui e Agora.
Vamos a um exemplo específico. Pense na rotina de um profissional que exerce um cargo executivo em uma empresa. Devido ao grande número de decisões, planejamentos e estratégias, pode haver excesso de preocupações justamente pela sensação de estar vivendo no dia, na semana, no mês ou no ano seguinte, já que estar de olho no amanhã é importante para captar tendências de mercado e encontrar meios para atingir metas estabelecidas. Mas despender energia em um tempo que não é o presente provoca desconforto, aflições e angústias, que impedem o foco no que é relevante, ou seja, o Aqui e Agora.
Viver o Agora não significa falta de comprometimento com tudo o que faz parte da Vida, tudo é paz e amor. Viver o Agora é um estado de atenção ao momento atual, é a capacidade de desenvolver um estado lúcido e de vigilância da mente, desprovido de tensão e preocupação, causadoras de conflitos internos que podem afetar negativamente o nosso ambiente externo. Viver o Agora implica ser consciente do que estamos experienciando e sentindo no momento presente, bem como a convicção de que não temos controle sobre pessoas e muitos movimentos do mundo.
Seja para quem tem (ou não) uma rotina atribulada com muitas obrigações e compromissos profissionais e pessoais, o melhor a fazer é viver no momento atual, pois esse modo de atenção permite que nossa consciência esteja alerta para atuar da melhor maneira na tomada de decisões, beneficiando a nós mesmos e a quem nos rodeia.
A dinâmica da Vida também depende de como vivemos o Aqui e Agora. Estar nessa condição de atenção permanente pode ser aprendido, requer prática e quanto mais praticarmos, mais natural fica em nossa Vida. É, portanto, o caminho correto para evitar preocupações.
A expressão “pré-ocupação” significa se ocupar de algo antes que tenha acontecido. Essa inquietação, normalmente, é atravessada pelo desejo de querer controlar o futuro e por expectativas criadas pela nossa mente. Assim não estaremos aptos a tomar as melhores decisões e, sobretudo, viver a plenitude do Agora, com o sossego que nos permite avaliar, compreender e planejar a Vida processual do dia a dia sem ansiedade ou controle, mas com êxito e sabedoria.
Lembrem que há duas modalidades de felicidade: a construída e a inata. A felicidade construída é do mundo processual. Ficamos felizes se isto ou aquilo acontecer. Tudo bem se alegrar com conquistas ou condições externas, contudo, esse tipo de felicidade é passageira, dura pouco tempo. A falta dessa felicidade nos faz buscar cada vez mais novos objetivos. Condicionaremos nossa felicidade plena à realização desses objetivos, em um ciclo indeterminado. Precisamos entender que, às vezes, felicidade externa se torna infelicidade.
Nós carregamos a felicidade inata ou permanente. Por isso que, se não atingirmos uma meta ou se a felicidade temporária acabar, nós não sofreremos, pois nosso coração está em paz e alegre. A Vida é igual quando estamos bem ou mal, isto é, a felicidade inata não depende de condições externas. Isto é viver o Agora, um estado de paz natural que não é alterado ou perturbado por causa das situações e circunstâncias externas a nós.
Se um filho, por exemplo, está longe de nós não precisamos permanecer em preocupação constante, basta confiarmos na educação que lhe fornecemos para conduzir a Vida de maneira autônoma e ética. A preocupação excessiva com os filhos quer dizer apego e controle e também revela que colocamos nossa felicidade na mão de outras pessoas ou em situações externas. Apego e controle são o contrário de amor, a melhor maneira de cuidar de alguém.
Vida é existência
A Vida é o estado de atividade incessante comum aos seres organizados. É o período entre o nascimento e a morte. A Vida é, portanto, o tempo de existência de alguma coisa. A Vida é o que é. A armadilha é querer resolvê-la, não aceitar o momento e estar sempre insatisfeito. É importante aceitar o momento. Lembre-se: o que está acontecendo em sua Vida é o que tem que acontecer e sempre traz ensinamentos, principalmente quando acolhemos e aceitamos essa experiência. A não aceitação é a trava que provoca total insatisfação.